quinta-feira, 31 de julho de 2025

(re)começo

    


 

    Essa semana retorno ao trabalho, depois de 180 dias de licença maternidade somadas à alguns bons dias de férias que eu tinha acumulado justamente para utilizar agora. 

    Um dia antes do retorno, senti muito medo. Parecia o mesmo frio na barriga de quando comecei a trabalhar. A dúvida se daria conta, de como seria minha nova rotina agora tendo que dividir o trabalho em casa com a maternidade, treinando as pessoas que ficariam com o Yuri para eu trabalhar.. E o medo de, por estar focada no trabalho, não conseguir ter tempo para fazer os estímulos certos para o meu bebê se desenvolver da melhor forma. 

    Aí, então, eu tive o "pulo do gato". Eu entendi que eu não iria voltar a trabalhar. Eu iria começar a trabalhar (ou "re" começar).

    Isso porque a Keitty de antes não vai voltar mais. Ela não existe mais. A Keitty agora é mãe, e como mãe pensa diferente, age diferente, tem outras prioridades, e tem uma gestão de tempo diferente. E isso me tranquilizou. 

    Estou encarando esse processo como uma redescoberta de rotina. Como se fosse a primeira vez que eu estivesse ali trabalhando. E isso me deu uma paz enorme porque, no fim, é isso o que está acontecendo. Não é um retorno, uma volta... as coisas mudaram. E se mudaram comigo, mudaram também onde eu trabalho. 

   Eu sou feliz demais como professora. Ouso dizer que, junto com a maternidade, é o que eu mais amo fazer na vida (junto mesmo, pau a pau ali na conta). 

   Por ora, espero que as coisas se acertem o quanto antes. Espero que o Yuri me ensine a ser uma melhor professora assim como a UFSC me ensine a ser uma melhor mãe nessa dupla jornada. Espero um bom (re)começo. 


Maternidade: uma experiência avassaladora


   

 A maternidade foi DE LONGE a experiência mais intensa que eu já vivi. Não pelo parto normal, mas por toda a avalanche de sentimentos que te envolvem no puerpério, seja por conta dos hormônios, seja por conta do medo do desconhecido ou do excesso de responsabilidades.

    Eu pude contar com uma rede de apoio muito boa, o que foi importantíssimo pra mim, mas não passei ilesa das múltiplas reflexões e dúvidas do pós parto. 

    Eu senti falta de mim. Senti uma falta absurda de ser quem eu era, de dirigir, de sair pra trabalhar... Eu sentia falta de me conectar comigo mesma, e essa falta de conexão me fez perder a conexão com meu filho em alguns momentos. Senti medo, angústia, insegurança, saudade e culpa. É claro que senti coisas boas.. mas a maternidade de Instagram é fácil descobrir. A real é bem diferente. 

    Enquanto uns sonham em amamentar, a amamentação foi a parte mais difícil para mim. Não por questões físicas, pois nunca tive qualquer problema relacionado à pega correta, etc. Agora o peso emocional de sentir que o teu corpo não é mais teu, o teu tempo, não é mais teu, você não é mais tua.. isso pesa. E em mim pesou muito. 

    Fui para a terapia, melhorei, e por isso voltei com o blog (porque até foi um exercício indicado pela psicóloga, na época). E posso dizer que só quem é mãe sabe do que eu estou falando. 

    Por mais clichê que isso pareça, é real. A maternidade é avassaladora! Ela derruba tudo, como uma onda de maré alta invadindo a casa da gente. Ela expõe tuas fraquezas, ela escancara uma força que nem você sabe que você tem. Evidencia tuas qualidades, e te mostra o que você realmente ama. Porque é disso o que você mais vais sentir falta. 

    E seguindo os clichês, saiba que isso passa. Todos esses pensamentos um dia serão lembranças e se tornarão aprendizados para a sua vida. É incrível como hoje eu olha para trás e entendo tudo o que eu senti, e me acolho. Isso também é importante. Porque de nada adianta o mundo inteiro te abraçar se você não segura sua própria mão.